sábado, 6 de fevereiro de 2016

Pergunta dos leitores: Por que suas histórias são todas homossexuais?



Olá, pessoal!

Primeiro, gostaria de agradecer a todos que vieram dar uma força aqui na página! Dez dias de lançamento e chegamos a quase 200 visus! Uau! Muito obrigada!

Como prometido, estou passando aqui para responder à pergunta da minha leitora Yuki-sama, uma querida que me acompanha no Wattpad e sempre arranja um tempinho para fazer comentários e incentivar meu trabalho.

“Nina, porque suas histórias são todas homossexuais? Eu fiquei curiosa!”

Vamos começar pelo princípio.

Desde pequena adorava andar com um livro na mão. Passava muito tempo sozinha em casa e os personagens dos livros foram meus companheiros de brincadeiras mais fiéis. Com eles, nunca tinha tempo ruim, castigo ou mesmo aquelas rixinhas infantis. Foi fácil me apaixonar por eles e ainda mais fácil começar a criar meus próprios personagens, que me ajudassem a transformar minha realidade em algo mais divertido e interessante.

Minha primeira historinha foi sobre mim mesma (risos)! Junto com Mariana, minha amiga dos tempos de colégio, comecei a inventar um mundo em que tudo era exatamente do jeitinho que eu sonhava: nós éramos lindas, populares e, claro, namorávamos os gatos mais desejados da escola! As histórias eram tão bobinhas... mas eram cheias de carinho e esperança, por isso considero uma parte importante na minha carreira.

Quando cresci um pouco mais, continuei me inspirando em minha própria vida: escrevi um livro, uma quadrilogia, para ser mais precisa, chamada As Quatro Estações. A ideia era mostra à minha irmã a visão que tinha dela: uma mulher linda, forte e guerreira; e a de mim mesmo, a criatura fiel e abnegada, capaz de qualquer coisa pela família. Nela, porém, já não havia nada de infantil. Da descoberta do amor à dor de perder quem se ama, o personagem principal enfrentava diversos obstáculos; assim como o escritor a quem havia contratado para traduzir sua vida em palavras. Este sim, considero meu primeiro trabalho profissional.

Quem sabe um dia eu não o tiro da gaveta?

Durante anos, deixei os romances de lado, focando somente em poemas, poesias, letras de música e anúncios publicitários. Foi como se As Quatro Estações houvesse acabado com toda a energia que havia dentro de mim.

Foi quando me deparei um texto perdido no Nyah! Eu estava fazendo uma pesquisa sobre um grupo japonês pelo qual estava ― talvez ainda esteja ― obcecada e esbarrei em minha primeira ‘fanfiction’. À época, nem mesmo sabia direito como isso funcionava, mas achei tão interessante que devorei praticamente toda a história, escrita por ninguém menos que a maravilhosa Josiane Veiga.

Foi exatamente ela quem me apresentou a um mundo de outras histórias, às quais segui com todo o desvelo. Em um dado momento, no entanto, ler já não era suficiente. Havia tanta coisa que me incomodava em alguns dos textos que lia... peças faltando ou informações erradas... Minha mão começou a coçar e, quando dei por mim, já começava minha primeira historinha. Provavelmente tão inocente e boba quanto aquelas que escrevia na escola. Mas, a partir de então, não parei mais.

Como foram nessas fanfictions que encontrei o meu “fio da meada”, os cinco rapazes de Tóquio acabaram virando minha inspiração principal. Assim Christopher Vogler sugere o uso de arquétipos na composição de suas histórias, esses meus cinco amigos imaginários viraram objetos de muitas aventuras! Tendo cada um deles uma personalidade bem distinta, é fácil posicioná-los nas mais diversas situações e deixar minha criatividade reinar.

Além do mais, havia uma questão pessoal. Grande parte dos meus amigos é homossexual e sou super feliz de fazer parte da vida deles. Mas todos passaram por algum momento de crise no caminho; fosse pela cobrança da sociedade, fosse pela dificuldade em se aceitar ou mesmo pela busca, às vezes malsucedida, de um grande amor. Minhas histórias tinham por objetivo trazer a eles um pouco dessa esperança e algumas gargalhadas também, porque ninguém é de ferro!

Foi assim que surgiram essas historinhas, que você já deve conhecer:

 

E, por isso, acabei enveredando pelo caminho dos romances meninos X meninos e, até então, não havia desviado dele.

Mas... a curiosidade bateu mais forte! E a pergunta da Yuki deu aquela atiçada...

Então, dia 15 de fevereiro, começo a publicar no Wattpad meu primeiro livro oficial com uma protagonista feminina: Esperando o amor chegar. A trama já havia sido escrita, lá atrás, mas está com tantas novidades que chega a ser difícil reconhecer. 



Para aqueles que já leram a primeira versão, vale a pena ler de novo!

Obrigada pela pergunta, Yuki! E quem quiser saber mais, fique à vontade. Adoro um bom bate-papo, viu?

Beijo da Nina!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Qual é o segredo do sucesso de Jane Austen?



Jane Austen foi uma escritora inglesa, que viveu na virada do século XIX. Nascida em 16 de dezembro de 1775, ― sagitariana, nem precisa de fórmula! ― em Hampshire, um condado no litoral sul da Inglaterra, ela cruzou a fronteira do século XIX em um momento em que as mulheres começavam a lutar por um papel mais ativo na sociedade.

Há muito pouco material pessoal deixado por Jane, o que dificulta o trabalho de biógrafos e historiadores. Porém, através de sua obra é possível deduzir que era uma pessoa inteligente, de respostas rápidas e uma romântica incurável, assim como suas protagonistas.

Embora tenha iniciado sua carreira literária ainda na adolescência, foi somente em 1811, através de um amigo de seu irmão Henry, o editor Thomas Egerton, que ela teve seu primeiro romance publicado ― Razão e Sensibilidade. Embora seus livros rendessem um bom ganho e tenha conseguido o interesse do público, os críticos não se interessaram muito por seu estilo, à época, preferindo os textos mais dramáticos e emotivos de Charles Dickens e Geroge Eliot. Foi somente a partir da segunda metade do século que uma série de admiradores do círculo literário conseguiram impulsionar suas obras através da publicação de críticas e de livros de suas memórias.

A partir do século XX, suas obras passaram a sofrer críticas relacionadas não apenas aos textos, mas ao conteúdo político e social que enxergavam nele. Alguns de seus livros foram censurados como “pornografia leve” e ela chegou mesmo a ser acusada de “subverter as mulheres”. Embora pareça uma visão negativa, a verdade é que isto acabou por despertar o interesse acadêmico e os livros de Austen deixaram o status de novelas femininas para alçar o de romances clássicos.

Foi também no século XX que seus livros passaram a ganhar releituras, adaptações para peças, programas de televisão e filmes. Com isso, saiu das bibliotecas para conquistar admiradores por todo o mundo.

Mas qual o motivo pelo qual suas obras permanecem tão atuais até hoje?

  1. Uma visão verdadeira da humanidade: a despeito do caráter romântico de seus livros, seus protagonistas estão bem distantes da perfeição. Entre Emma e Orgulho e Preconceito, de mocinhas egoístas a mocinhos preconceituosos, Jane buscou retratar a vida com suas mazelas e tristezas, ainda que usasse o segundo ingrediente para aliviá-las; 
  2. Uma pitada de humor: apesar das dificuldades que suas personagens ou suas famílias atravessavam, Jane sempre encontrava espaço para uma provocação ou uma risada. Principalmente, quanto às próprias falhas que eles cometiam. Rir de si mesmo foi uma das lições mais válidas de seus livros. 
  3.  O poder da generosidade: o ponto principal das histórias de Austen. A maior parte dos seus personagens possui um forte senso de comprometimento com a família ou seus amigos. Às vezes, esse desejo de fazer o bem, acaba se voltando contra a própria pessoa, como foi o caso de Emma, do romance homônimo, ou do Sr. Bennet, de Orgulho e Preconceito. Mas Jane deixa uma mensagem de que a generosidade sempre é recompensada. 
  4. Um forte espírito de luta: Quem assistiu Amor e Inocência, pode se surpreender com o final da história de amor da própria Jane. Porém, em seus livros, todas as suas heroínas estão dotadas de um forte espírito de luta, nem que seja apenas por justiça. Se existe algo que chama a atenção nelas é o fato de serem capazes de desafiar os pais, os familiares e até a sociedade em nome dos valores em que acreditam. E atitudes como essa, na verdade, jamais sairão de moda. 
  5.  Finais felizes: a mensagem mais forte de seus livros é a da esperança. Em muitos deles, tudo parece perdido: o dinheiro se foi, seu amor partiu, tudo é escuro e nebuloso. Porém, no meio das nuvens, eis que surge o sol e o cavaleiro que havia partido retorna, esperançoso e cheio de certeza quanto a seus sentimentos. Nem sempre acontece assim na vida real, mas ao terminar de ler um de seus romances, sempre sentimos aquele fio de esperança ardendo em nosso peito. Quem sabe?

Além de querer falar um pouco de uma de minhas autoras favoritas, quis fazer essa introdução para falar um pouco sobre o livro da semana. Ele não está entre os mais vendidos da Amazon, perdoem-me, mas faz tempo que estou interessada em lê-lo e achei que seria um excelente momento: Persuasão, o último livro de Jane Austen. 

Ele foi escrito em 1915, quando ela já havia começado a padecer do Mal de Addison, a doença que acabou por ocasionar sua morte. Embora talvez não seja uma de suas melhores obras, tenho curiosidade de saber o que havia por trás de sua mente em um momento tão vulnerável. O romance foi publicado por seu irmão Henry Austen em 1917, dois anos após sua morte, juntamente com Northanger Abbey, .

Sexta-feira, voltarei para fazer uma breve resenha a respeito dele.

Tem alguma sugestão para a leitura da próxima semana? Me mande o nome, o link, a foto, qualquer coisa!

Próximo post: irei responder à curiosidade de minha leitora Yuki, que me perguntou o motivo de meus protagonistas serem todos homens homossexuais. 

Até lá!

Beijo da Nina

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Bem-vindo ao meu sótão!



Olá, pessoal!

Sempre apareço por aqui quando a noite já está alta, né? Perdão, meus anjos! Isso que dá essa vida de escritora em tempo integral! A gente não para nunquinha!

Bem, como prometido, vim explicar para vocês o funcionamento do meu processo criativo!

Quando era pequena, me apaixonei pela ideia de Ziraldo sobre ‘macaquinhos no sótão’, em ‘Menino Maluquinho’. Lembro que fiquei preocupada com os bichos lá dentro, pois sempre fui menina cheia de ideias. Hoje, agradeço à macacada dentro de mim por todas as minhas travessuras e faço questão de alimentá-la sempre para que continuem produzindo a todo vapor!

E como faço para mantê-los estimulados e organizar a bagunça que fazem na minha cabeça?

Aqui vai:
  1. Coleto ideias: para colocar algo no papel, precisamos de uma pequena chama, uma inquietação interna que provoque um desejo de resposta. No meu caso, as ideias costumam surgir de conversas com desconhecidos e dos comentários que me abstenho de fazer na hora. De uma certa forma, é como se, pelas minhas linhas, pudesse reescrever a história daquelas pessoas. Quando era mais nova, ficava tensa quando alguém vinha conversar comigo no ponto de ônibus ou na fila da farmácia. Agora, sou eu quem puxo papo a fim de encontrar o meu ‘fio da meada’. Nem todas as ideias vingam, é claro... são sementes lançadas no solo fértil da minha imaginação, mas que, às vezes, acabam se perdendo. Mas, quando começo a sentir aquela coceira, aquela agonia, passo logo para o passo 2.
  2. Escrevo sobre o que conheço: Citando Joel Chandler Harris, “Escreva sobre o que sabe e pelas coisas pelas quais possui um profundo interesse. Quando alguém se entrega por inteiro no papel — isto é que é considerado uma boa escrita.” Quantos romances no mercado não se passam em um país que o autor nunca visitou e acabou por se basear em sites de viagens? (Assista ‘A Noiva Isca’ se quiser dar umas boas risadas com esse tema) Não estou dizendo que isso não possa ser feito! Mas a pesquisa é fundamental na hora da criação. Detalhes pequenos, como a mão com que alguém segura o garfo, podem fazer uma diferença fundamental com certos nichos culturais. Ao mesmo tempo, escrever sobre um país ou um costume diferente do seu pode render viagens interessantíssimas. Ao escrever ‘Brumas de Avalon’, Marion Zimmer Bradley fez uma extensa viagem pelo Reino Unido visitando locações, conversando com historiadores, entrevistando personagens relevantes do druidismo. Então, como estava elaborando um livro acerca do distrito vermelho de Tokyo, no Japão, aproveitei para fazer pesquisas, visitar a região e colher informações e fotos que me ajudassem no trabalho. Hoje, creio que seria capaz de fazer uma monografia a respeito!
  3. Visualizo a história: Não sei vocês, mas preciso VER a minha história para mergulhar nela. Não digo fechar os olhos e me imaginar em uma praia deserta... Falo de olhar para uma figura e dizer ‘Uau, você é o Fulano!’ Recriei para vocês o quadro de ‘Corações Acorrentados’, meu primeiro livro, para que entendam do que estou falando. Aqui, estão apenas os personagens principais e a relação entre eles, mas, no original, havia o castelo, os personagens secundários mais recorrentes – como o pai e os irmãos de Jean, por exemplo – e pequenas notas randômicas como “tem uma queda por Shiro”, abaixo do nome de Jérome. Meus amados da geração Y, sei que parece um sacrilégio a criatura fazer um negócio desse em um quadro de cortiça em pleno século XXI! Mas ainda sou dessas que produzem à mão e, além disso, acordar e dormir com essas imagens me ajudam a trazer os personagens mais para perto.
  4. Fundamento a estrutura: Toda história é passível de buracos. Se você possui pensamento linear, precisa tomar muito cuidado para que o plot principal não acabe por ofuscar as histórias paralelas e deixá-las sem conclusão ou com lacunas que possam vir a confundir o leitor. A fim de evitar que isso aconteça, costumo escrever um pequeno roteiro para cada personagem e, ao escrever o capítulo, faço uma análise do ponto exato na história em que cada um deles se encontra. Isso me ajuda a não me perder – você ficaria surpreso com a frequência com que isso acontece, por isso o cuidado – e também a não deixar nenhum dos personagens esquentando o banco de reservas por muito tempo.
  5. Escrevo e reescrevo: Quando estou com todas as informações em mãos, peço a ajuda das musas e me ponho a trabalhar. Cada capítulo costuma passar por, no mínimo, umas cinco versões: escrita à mão, digitada, revisada para leitura beta, ajustada após comentários de leitores beta e, por fim, revisada para publicação. Mesmo com todas essas etapas e contribuições externas, já aconteceu de encontrar erros em obras já publicadas. Imaginem se não fizesse isso?
  6. Descanso a massa: imagino que quem acompanhava minhas fanfictions deva ter duas perguntas em mente ao ler meus livros: 1) O que ela fez com a história original? 2) Não vai criar nada novo? Por que essas dúvidas? Porque, depois de testar a aceitação de um plot em algum lugar, gosto de guardá-lo na gaveta para, digamos, germinar. Usando novamente ‘Corações Acorrentados’ como exemplo, na fanfic o plot inteiro se passava em um Japão medieval e todos os personagens tinham um final feliz. Ao reescrevê-la, porém, transferi a história para um dos alpes franceses, avancei o tempo até um período pós-catastrófico e fiz um mix de nacionalidades. Para completar, criei uma conspiração política para destronar o personagem principal e dei aos vilões o destino que mereciam. Assistiu ‘Sociedade dos Poetas Mortos’? Então suba na mesa! É exatamente isso o que acontece quando aguarda que um texto amadureça: você passa a enxergá-lo de um novo ângulo.
  7. Respeito o meu tempo: “Nina... Fiz tudo o que você disse aí em cima, mas, ainda assim, meu processo criativo não está processando nada, no momento. E agora? ” Você, meu amigo, está atravessando o famoso “Bloqueio de Escritor”. Aliás, errei feio. Você não está atravessando nada: está empacado, enraizado no chão. O que fazer nessas horas? Vou citar um outro companheiro de armas, a quem admiro muito: Hemingway. “Não se preocupe. Você sempre escreveu antes e vai escrever agora.” Ficar ansioso não ajuda nada na concentração e pode levar até à criação de um texto mecânico e sem alma. O melhor a fazer nessas horas é respirar fundo e dedicar-se a algo que não tenha absolutamente nada a ver com a escrita. Pratique esportes, passeie na praia, tenha uma noite diabeticamente romântica. O importante é que você relaxe, se divirta e comece todo esse processo coletando novas ideias! A partir de então, as palavras poderão fluir naturalmente e seu texto vai ficar ainda melhor.
Ainda tem alguma curiosidade? Tem algum segredo que gostaria de compartilhar com os novos leitores? Comente ou me mande uma mensagem!

Na próxima postagem, vou falar um pouquinho sobre uma de minhas autoras favoritas, aquela que roubou meu coração de tal maneira que fez com que aprendesse um novo idioma apenas para devorar suas palavras: Jane Austen. Este é um blog de literatura, certo? Nada mais justo que falarmos de quem venceu – ou foi derrotado, por que não? – no ramo e absorvermos tudo o que possa influenciar de forma positiva em nosso trabalho, correto?

Vejo vocês no sábado!

Notas:
  • Se ainda não leu Corações Acorrentados, corre lá na Amazon e garanta a promoção de Verão. No ar até domingo! http://goo.gl/IrhFZm
  •  A Noiva Isca é um filme do Reino Unido com David Tennant (o Barty Crouch Jr. ou Língua de Cobra, de Harry Potter e o Cálice de Fogo) e Kelly Macdonald (que faz o papel da fantasma da casa Ravenclaw / Corvinal, a Helena). Embora o filme pudesse ser melhor em vários pontos, o fato dos protagonistas serem escritores faz com que algumas tiradas sejam bem interessantes. Vale a pena conferir!